Município da região nordeste paulista, a aproximadamente 400 quilômetros da capital, Franca possui população de pouco mais de 320 mil habitantes. A cidade ganhou projeção por reunir centenas de indústrias calçadistas - a ponto de ser chamada de capital nacional do calçado masculino - e também por montar equipes de basquete que quase sempre estão os melhores times nacionais da modalidade. Apesar da economia predominantemente industrial, as atividades do comércio são também bastante significativas no município. Fica em Franca, por exemplo, a sede do Magazine Luiza, uma das maiores redes de varejo do país.
Serão principalmente os funcionários do setor comerciário os contemplados com as atividades culturais, esportivas e de lazer na unidade a ser construída na cidade pelo Sesc, instituição que desempenha, em São Paulo, as funções que o Ministério da Cultura não consegue atender no país. A edificação será implantada em terreno da avenida Dr. Ismael Alonso y Alonso, de acordo com proposta dos escritórios SIAA Arquitetos e Apiacás Arquitetos, equipe vencedora do concurso de projeto. O resultado, divulgado no final de março, revelou ainda como segundo e terceiro lugares, respectivamente, os escritórios Spadoni & Associados e Dal Pian Arquitetos. O trabalho do estúdio Sidonio Porto Arquitetos Associados ficou em quarto lugar e o do Escritório Paulistano de Arquitetura em quinto.
1- Elemento de construção da cidade
Alternando opacidade, transparência e translucidez, os blocos contrapõem-se ao desenho pesado dos muros de gabiões (ora eles são arrimos, ora fechamentos) interpostos entre eles. “O conjunto é definido pela tensão entre o leve e o pesado, pela contraposição entre os volumes de concreto e aço que repousam sobre o embasamento de pedra”, discorrem os autores no memorial.
O público será recepcionado numa praça escalonada que se implantará na esquina da rua Rio Grande do Sul e dela seguirá, por acessos independentes, para o ginásio, foyer do teatro ou acesso principal. A volumetria proposta, argumenta a equipe, desenha os limites do lote solucionando os programas e seus acessos, e os dois blocos principais definem um espaço descoberto onde ocorrem as atividades ao ar livre. Nesse local de distribuem piscinas, quadras e áreas de lazer infantil dispostas nos patamares, que respeitam a topografia, a orientação solar e a vista da paisagem.
2- Edifício único com ruas e praças
A intenção de conectar o edifício à cidade permeia o trabalho do estúdio Spadoni & Associados. Essa a razão de o conjunto do Sesc Franca ser constituído de ruas e praças, argumenta Francisco Sapadoni, titular do escritório, no memorial do projeto.
A proposta trata os dois maiores espaços do programa (o teatro e o ginásio) como um único edifício, alinhado à via principal (avenida Dr. Ismael Alonso y Alonso), no nível mais baixo do terreno. Uma praça interna articula esses e outros itens do programa.
Ela é, segundo Spadoni, a essência do projeto, pois, além de área de convivência, intermedeia os elementos não especializados do programa, como atendimento, foyer, cafeteria, restaurante etc. É a partir dessa praça que ruas em dois níveis levam aos setores esportivos e culturais.
O arquiteto conta que a proposta teve início pelo corte transversal do lote, confrontando o volume do teatro/ginásio com a topografia. A distribuição de outras funções em cotas mais elevadas permitiu que essas recebessem iluminação natural. Com o estacionamento que se encaixa entre o volume construído e o terreno, evitou-se a construção de subsolo.
3 - Esplanada-ponte a caminho da convivência
A justificativa do escritório Dal Pian Arquitetos para implantar o conjunto longitudinalmente, paralelo à avenida, é que essa posição propicia acessos mais generosos e em nível com os percursos da cidade. “O acesso principal se faz por uma grande esplanada que conduz os fluxos para a praça de convivência no seu interior”, descrevem, no memorial, os autores, Renato e Lilian Dal Pian.
Outro aspecto peculiar da solução é a expansão dessa esplanada para além dos limites do lote, juntando-a à ponte de Integração, sobre o córrego Cubatão, que separa as pistas da avenida. O prolongamento, justifica a equipe, fortalece a dimensão urbana e o caráter social da edificação, condições que, segundo os autores, as unidades do Sesc devem refletir.
Internamente, a praça de convivência constitui o cerne da solução. Ela expõe ao público a variedade de atividades oferecidas no interior do edifício e orienta as circulações verticais e horizontais. O programa de necessidades se distribui em dois pavimentos. No da cota inferior estão, entre outros, a caixa cênica do teatro, o ginásio de esportes e o estacionamento. Teatro, comedoria e conjunto aquático coberto ficam no piso superior.
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 398 Abril 2013
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