quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Tijolos na massa do concreto poupam R$ 30 mil em reforma

Chamado de concreto ciclópico, a solução ditou as bases da reforma e ainda sustenta o andar superior desta casa paulistana. A economia em caçambas foi de R$ 30 mil





Seduzido pela localização, o casal comprou uma velha casa no bairro paulistano do Pacaembu. Faltava escolher quem iria transformar a construção da década de 50 na moradia confortável que os dois desejavam. Numa reportagem estampando a casa do arquiteto Anderson Freitas, encontraram uma pista. Tempos depois, um projeto premiado que lhes chamou a atenção na internet foi decisivo: era assinado pelo escritório Apiacás Arquitetos, do qual o profissional faz parte. Feito o contato, a conversa seguiu por caminhos pouco usuais.
Numa das primeiras reuniões, Anderson mencionou o ciclope – figura da mitologia grega –, intrigando os clientes. O que o tal gigante de um olho só teria a ver com a futura reforma? A explicação diz muito sobre o jeito de trabalhar do arquiteto, que também é professor. Habituado a projetar e administrar as obras que assume, ele havia detectado desde a primeira visita ao local que a intervenção no sobrado geraria uma enorme quantidade de entulho caso a principal meta fosse cumprida: eliminar as paredes do térreo que compartimentavam a área social.
O que fazer com tanto material? Lembrando-se da solução desenvolvida por um colega afeito à experimentação, ele sugeriu: “Vamos reforçar a casa com paredes de concreto ciclópico”, referindo-se à mistura que tradicionalmente incorpora grandes blocos de pedra, usada desde a Grécia antiga em muros, barragens e contenções. Para convencer os clientes da solução, o profissional foi persistente. Fotografou as paredes onde o designer e arquiteto Rafc Farah havia empregado a mistura (nesse caso, com cacos de cerâmica, restos de entulho e tijolos) e apresentou a técnica ao casal.
Todos de acordo, ainda foram necessários dois testes no canteiro de obras e rodadas de treinamento dos pedreiros até partirem para a ação. “A base sólida que erguemos viabilizou os grandes vãos livres do térreo”, avalia Anderson, num balanço positivo dos seis meses de empreitada.
E conclui com uma anedota: “Me disseram que o concreto ciclópico leva esse nome porque é muito forte, nem o ciclope destrói. Será?”


Recurso eficaz, resistente e econômico.

Usado nos muros e nas paredes da sala, o concreto ciclópico estabeleceu uma plataforma robusta sobre a qual repousa a parte visualmente mais leve da casa, de alvenaria convencional pintada de branco. As divisórias, de 25 cm de espessura, foram executadas na obra em fôrmas montadas com tábuas. Cada fiada era preenchida com argamassa de cimento e cacos de tijolo dispostos cuidadosamente. No acabamento, resina de silicone (Acqüella, da Vedacit/otto Baumgart). O recurso construtivo exigiu o reforço da fundação e a adoção de algumas vigas metálicas.






Área: 197 m²; Colaboradoras do projeto: Ana Lúcia Santana e Cibele Mion; Projeto de hidráulica e elétrica: Ramoska Castellani; Projeto estrutural: lN Engenharia; Execução:Anderson Freitas, Pedro Barros e Acácia Furuya/ Apiacás Arquitetos; Luminotécnica: Reka Iluminação



fonte: Casa - Abril



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