sábado, 17 de março de 2012

Arthur Casas vence concurso para revitalização do Pelourinho

Equipe liderada pelo arquiteto vai desenvolver o projeto executivo dos largos Pedro Arcanjo, Teresa Batista e Quincas Berro DÁgua

Mauricion Lima

O departamento baiano do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-BA) e o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) divulgaram hoje (16) o resultado do concurso de revitalização dos largos Pedro Arcanjo, Teresa Batista e Quincas Berro D'Água, localizados no Pelourinho, no centro histórico de Salvador.

O projeto vencedor foi coordenado pelo arquiteto paulista Arthur Casas, sendo avaliado e classificado por unanimidade pelo júri. Segundo os organizadores do concurso, o trabalho devia expressar "a relação simbólica e cultural que os projetos devem ter com o sítio, apontado pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade". A partir de agora, a equipe vencedora ficará responsável pelo desenvolvimento do projeto executivo junto ao Ipac.

Confira os primeiros colocados no concurso e menções honrosas:

Primeiro lugar
Arquiteto titular: Arthur Casas
Coautores: Raphael Azevedo França, Joana Garcia de Oliveira, Gabriel de Andrade Ranieri, Regiane Khristian Silva Bouças, Rodrigo da Costa Tamburus e Mariana Pianta Santoro
Consultora: Lidia Naomi Okamura


O grupo propôs a pintura dos largos na cor branca, que na época de cidade colonial, representava o espaço público. Além disso, o projeto propôs que os espaços não ficassem restritos apenas a bares e restaurantes, mas que ganhem também cinemas, teatros, palcos suspensos, mirante, feiras, parque e passeio público. 

Segundo o documento que descreve o projeto, a ideia é que a "reabilitação dos largos do Pelourinho seja abordada através de uma perspectiva de transformação que leve em consideração os fatores responsáveis pelo ressurgimento e nova decadência do sítio histórico, tentando aliar escalas territoriais e usos aparentemente contraditórios numa proposta em permanente construção".

Segundo lugar
Arquiteto Titular: Ricardo Jorge Pessôa De Melo
Coautora: Flávia Myriam Cordeiro Pessoa de Melo


O projeto propôs a transformação dos largos em parte do tecido urbano, adaptando-os à topografia acidentada do lugar. "Como se fosse um tapete, (os largos) aparecerão como uma simples e natural extensão das ruas do Pelourinho, ampliando desta maneira a trama urbana de uso público e eliminando as barreiras de acessibilidade que existem atualmente. Nos lugares certos, como acontece na cidade histórica, as inclinações vão se transformar em plataformas para facilitar sua utilização", segundo informações do memorial descritivo.

Os elementos instalados nos largos não interfeririam no ambiente de forma drástica, deixando todo o protagonismo para as fachadas dos largos. As instalações seriam feitas de madeira, para permitir o baixo custo de manutenção e a criação de ambientes confortáveis e para "quase não interferir na ambiência própria do centro histórico".

Terceiro lugar
Arquiteto titular: Alexandre Ruiz da Rosa
Coautores: Haraldo Hauer Freudenberg, Thais Saboia Martins e Josep Ferrando Bramona
Colaboradores: Rodrigo Vinci Philippi, Felipe Zarpelon e João Vitor de Paula Araújo
Consultores: Rosângela Zamberlan, Maria da Graça Rodrigues dos Santos e Armando Luis Yoshio Ito


Segundo os arquitetos, os espaços públicos deveriam ser limitados, mas ao mesmo tempo acessíveis. "Assumimos que os largos são 'miolos' de quadra que assumem o papel de espaços públicos, por isso decidimos recuperar o sentido de quarteirão, operando o fechamento dos seus limites e 'reconfigurando' através de muros de fechamento a sua geometria original".

Dessa forma, as áreas de mesas e públicas seriam afastadas das fachadas das casas, permitindo assim que o perímetro dos largos fossem ocupados pelos seus usos fixos. Segundo o memorial descritivo, "a estratégia adotada de cobertura e praça desvinculadas dos limites do entorno recuperaria os visuais do largo, garantindo a visibilidade do entorno e conferindo legibilidade ao largo".

Menção Honrosa
Arquiteto titular: Marcos André Seixas Linhares
Colaborador: Henrique Costa Fonseca


O projeto foi baseado em três aspectos: respeito ao patrimônio arquitetônico do entorno imediato e do centro histórico de Salvador (CHS); respeito aos valores e às manifestações culturais e artísticas populares das diversas comunidades atuantes ou ligadas histórica, social e culturalmente ao CHS; e o comprometimento na busca de soluções que resgatassem a utilização desses espaços de forma dinâmica, participativa, ampla e sustentável.

A ideia é que os edifícios existentes sofressem o mínimo de intervenções, mantendo suas características atuais. "Procurou-se também oferecer possibilidades de diferentes arranjos e configurações no tempo, dos usos e dos espaços. Buscou-se a coesão, já que se tratava de conectar espaços que outrora pertenciam a prédios, ruas e níveis diferentes", segundo o projeto.

Menção Honrosa
Arquiteto titular: Gabriel Rodrigues Grinspum
Coautores: Kalina Juzwiak e Laurent Troost
Consultor: Oscar Mendes


A proposta se define em ações para recuperar os largos e oferecer a infraestrutura adequada ao novo uso. A ideia é que os espaços públicos sejam aperfeiçoados para funcionar em diferentes condições climáticas, com um sistema de equipamentos que "se integre e respeite o patrimônio". Além disso, seria realizado todo um plano paisagístico para os vazios existentes nos largos.

O projeto propõe uma nova topografia, com a utilização de piso de granito distribuído aleatoriamente e rejuntado com argamassa de cimento, uma nova configuração das quadras com novas aberturas nos largos e novas coberturas mescladas a estrutura metálica, com brises e peças cerâmicas.

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