Arquitetos contam o que viram no último Salão do Móvel, em Milão
Estante Nuage, de Charlotte Periand, coleção I Maestri, da Cassina
RIO - Este ano Milão esteve muito fria e chuvosa, o que não desanimou uma avalanche de mais de dez mil brasileiros, que tomaram de assalto a cidade. Todos ansiosos para ver as novidades da 51 edição do Salão Internacional do Móvel e, paralelamente, a EuroCucina, a International Bathroom Exhibition e o Salão Satellite, que sempre faz sucesso por seus lançamentos ousados.
Apesar dos organizadores da feira terem anunciado que o número de visitantes superou as expectativas, a crise, é claro, deu as caras. A decoração das ruas esteve bem mais modesta do que nos anos anteriores. O arquiteto Pedro Paranaguá notou que muitos estandes tinham a metade do tamanho usual, e que houve menos intervenções na cidade.
— Achei que, apesar de menores, as ambientações continuam fantásticas. Não só na própria feira, mas em muitos lugares da cidade. A Paola Lenti, por exemplo, expôs no claustro de um monastério; foi maravilhoso. Já as novidades foram poucas. Algumas marcas fizeram retrospectivas, e a Kartell se sobressaiu. O mais incrível é que o que ela lançou já tem aqui, na loja de Ipanema — diz, acrescentando que gostou das mostras de design do Chile e da Colômbia no Salão Satellite, e dos eletrodomésticos, cada dia mais tecnológicos.
Designers nórdicos
A arquiteta Gisele Taranto, que já morou em Milão, concorda com Pedro: achou que a Kartell teve bons lançamentos, em especial uma interessante parceria de Philippe Starck com o cantor Lenny Kravitz.
— Gosto de passar pelo menos dois dias na feira, sou detalhista. E a cidade fica tão cheia de eventos que foi preciso fazer uma esquema antes de sair do Rio.
Os "Fuori Salloni", que aconteciam principalmente nos bairros de Tortona e Brera, agora também estão nas ruas do Lambrate. E as exposições se multiplicaram, desde performances na Triennale até a simulação de uma casa do futuro no Superstudio Più.
O arquiteto Miguel Pinto Guimarães é outro que procura aproveitar os eventos paralelos.
— O mais importante para mim é circular, para perceber no ar as tendências dos próximos anos. E o mais gratificante desta temporada foi constatar que os bons profissionais cariocas já estão praticando o que foi apresentado há pelo menos um par de anos. Para mim, as estrelas são sempre os designers nórdicos, pela simplicidade, sutileza, sustentabilidade e funcionalidade de seus traços.
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